terça-feira, 26 de julho de 2022

A Serpente e o Sábio


Contam as tradições populares da Índia que existia uma serpente venenosa em certo campo. Ninguém se aventurava a passar por lá, receando-lhe o assalto. 

Mas um santo homem, a serviço de Deus, buscou a região, mais confiado no Senhor que em si mesmo. 

A serpente o atacou, desrespeitosa. Ele dominou-a, porém, com o olhar sereno, e falou:

– Minha irmã, é da lei que não façamos mal a ninguém.

A víbora recolheu-se, envergonhada. Continuou o sábio o seu caminho e a serpente modificou-se completamente. 

Procurou os lugares habitados pelo homem, como desejosa de reparar os antigos crimes.

Mostrou-se integralmente pacífica, mas, desde então, começaram a abusar dela. 

Quando lhe identificaram a submissão absoluta, homens, mulheres e crianças davam-lhe
pedradas. A infeliz recolheu-se à toca, desalentada. Vivia aflita, medrosa, desanimada. Eis, porém, que o santo voltou pelo mesmo caminho e deliberou visitá-la. 

Espantou-se, observando tamanha ruína. A serpente contou-lhe, então, a história amargurada. Desejava ser boa, afável e carinhosa, mas as criaturas peseguiam-na. O sábio pensou, pensou e respondeu após ouví-la:

– Mas, minha irmã, ouve um engano de tua parte. Aconselhei-te a não morderes ninguém, a não praticares o assassínio e a perseguição, mas não te disse que evitasses de assustar os maus. Não ataques as criaturas de Deus, nossas irmãs no mesmo caminho da vida, mas defende a tua cooperação na obra do Senhor. 

Não mordas, nem firas, mas é preciso manter o perverso à distância, mostrando-lhe os teus dentes e emitindo os teus silvos.

Francisco Cândido Xavier.
Da obra: Os Mensageiros.
Ditado pelo Espírito André Luiz. FEB, 1944.

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