sexta-feira, 4 de maio de 2018

A Receita da Felicidade


Tadeu, que era dos comentaristas mais inflamados, no culto da Boa Nova, em casa de Pedro, entusiasmara-se na reuniĆ£o, relacionando os imperativos da felicidade humana e clamando contra os dominadores de Roma e contra os rabinos do SinĆ©drio. Tocado de indisfarƧƔvel revolta, dissertou largamente sobre a discĆ³rdia e o sofrimento reinantes no povo, situando-lhes a causa nas deficiĆŖncias polĆ­ticas da Ć©poca, e, depois que expendeu vĆ”rias consideraƧƵes preciosas, em torno do assunto, Jesus perguntou-lhe: 

— Tadeu, como interpreta vocĆŖ a felicidade? — Senhor, a felicidade Ć© a paz de todos. O Cristo estampou significativa expressĆ£o fisionĆ“mica e ponderou: 

— Sim, Tadeu, isto nĆ£o desconheƧo; entretanto, estimaria saber como se sentiria vocĆŖ realmente feliz. 

O discĆ­pulo, com algum acanhamento, enunciou: 

— Mestre, suponho que atingiria a suprema tranquilidade se pudesse alcanƧar a compreensĆ£o dos outros. 

Desejo, para esse fim, que o prĆ³ximo me nĆ£o despreze as intenƧƵes nobres e puras. 
Sei que erro, muitas vezes, porque sou humano; entretanto, ficaria contente se aqueles que convivem comigo me reconhecessem o sincero propĆ³sito de acertar. 
Respiraria abenƧoado jĆŗbilo se pudesse confiar em meus semelhantes, deles recebendo a justa consideraĆ§Ć£o de que me sinta credor, em face da elevaĆ§Ć£o de meu ideal. 

Suspiro pelo respeito de todos, para que eu possa trabalhar sem impedimentos. Regozijar-­me­-ia se a maledicĆŖncia me esquecesse. 

Vivo na expectativa da cordialidade alheia e julgo que o mundo seria um paraĆ­so se as pessoas da estrada comum se tratassem de acordo com o meu anseio honesto de ser acatado pelos demais. 

A indiferenƧa e a calĆŗnia doem­-me no coraĆ§Ć£o. 

Creio que o sarcasmo e a suspeita foram organizados pelos EspĆ­ritos das trevas, para tormento das criaturas. 

A impiedade Ć© um fel quando dirigida contra mim, a maldade Ć© um fantasma de dor quando se pƵe ao meu encontro. 

Em razĆ£o de tudo isso, sentir­me­-ia venturoso se os meus parentes, afeiƧoados e conterrĆ¢neos me buscassem, nĆ£o pelo que aparento ser nas imperfeiƧƵes do corpo, mas pelo conteĆŗdo de boa­ vontade que presumo conservar em minh’alma. 
Acima de tudo, Senhor, estaria sumamente satisfeito se quantos peregrinam comigo me concedessem direito de experimentar livremente o meu gĆŖnero de felicidade pessoal, desde que me sinta aprovado pelo cĆ³digo do bem, no campo de minha consciĆŖncia, sem ironias e crĆ­ticas descabidas. 

Resumindo, Mestre, eu queria ser compreendido, respeitado e estimado por todos, embora nĆ£o seja, ainda, o modelo de perfeiĆ§Ć£o que o CĆ©u espera de mim, com o abenƧoado concurso da dor e do tempo. 

Calou-­se o apĆ³stolo e esboƧou­-se, na sala singela, incontido movimento de curiosidade ante a opiniĆ£o que o Cristo adotaria. 

Alguns dos companheiros esperavam que o Amigo Celeste usasse o verbo em comprida dissertaĆ§Ć£o, mas o Mestre fixou os olhos muito lĆ­mpidos no discĆ­pulo e falou com franqueza e doƧura: 

— Tadeu, se vocĆŖ procura, entĆ£o, a alegria e a felicidade do mundo inteiro, proceda para com os outros, como deseja que os outros procedam para com vocĆŖ. E caminhando cada homem nessa mesma norma, muito breve estenderemos na Terra as glĆ³rias do ParaĆ­so.

Do Livro Jesus no Lar
Pelo espirito de Neio LĆŗcio
Psicografia Francisco CĆ¢ndido Xavier

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